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04/10/2007


Pit bull adere ao veganismo

O cão Davi trocou bifes suculentos por tomates, bananas e pipocas.Veterinária explica que ração vegetariana deve ser balanceada.

Existe um ditado que diz "a personalidade do cão é parecida com a do dono". Na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, um cão da raça pit bull é uma excelente demonstração dessa sabedoria popular. O advogado Jorge Luís Cárdia, de 26 anos, e seu cão Davi seguem uma nova tendência e são adeptos do veganismo (filosofia em que não se deve consumir qualquer alimento ou produto de origem animal).

Cárdia é vegano há 10 anos. Não come nem mel, queijos ou ovos e evita usar produtos que são derivados de animais. Davi foi encontrado em setembro de 2006 em um lixão da cidade de Americana (SP) e adotado pelo advogado. Estava magro, desnutrido e tinha feridas na pele causadas por uma doença chamada sarna negra, que não é transmissível ao homem. Atualmente, Davi mora com Cárdia e sua mulher em uma casa na Vila Mariana. "Para mim, seria um contra-senso salvar um animal, mas ter de matar outros para sustentá-lo." Em vez de bifes suculentos, o cão devora legumes e frutas, mas seu alimento preferido mesmo é o tomate. "Davi adora frutas e gosta muito de bananas, maçãs e uvas. Ele também adora pipocas, temos até que tomar cuidado para que não coma demais", afirma Cárdia. "Tudo que eu consumo, acabo passando para meu cachorro. Acho que ele já tinha a alma vegana."

A dieta do animal é complementada com uma ração vegetariana, à base de legumes, que contém alguns nutrientes sintéticos encontrados apenas em carnes, como a vitamina B12. "Minha maior preocupação era ter certeza de que a dieta não faria nenhum mal para o bicho. Conversei com veterinários e descobri que não teria problema nenhum", diz. Ele garante que o cão é dócil e aposta que a dieta vegetariana contribui. "Ele é mais manso que meu gato, que ainda mora em Americana. Tenho mais medo que roubem ele do que a minha casa, porque ele é dado com todo mundo", diz. "Se não fosse pela alimentação, talvez nem a pele nem a personalidade dele seriam assim."

Cenoura crua no lugar de ossos

A empresária Márcia Bracciali é vegetariana há 30 anos. Além dos filhos, que hoje têm 25 e 21 anos, os dois cães da família também não consomem produtos de origem animal.

Peter é um beagle de 11 anos, com tendência à obesidade. Sophia não tem raça definida e foi adotada há 3 anos, mas tem por volta de 5 anos. Peter adora mamão, manga e banana, mas seu alimento preferido é queijo. Já Sophia prefere arroz com legumes e, em vez de roer ossos, os cães gostam de roer cenoura crua. A alimentação é complementada com uma ração vegetariana. "Eles são vegetarianos. É claro que eles comeriam carne e iriam adorar, mas é possível criá-los de forma vegetariana", diz. "Muita gente acha que vegetarianos só comem alface e tomate, e não é assim. As refeições são balanceadas, com muitos vegetais, legumes, tubérculos, cereais e frutas", afirma Márcia.

Ração vegetariana

A veterinária Fernanda Fragata, diretora clínica do Hospital Veterinário Sena Madureira e especialista em alimentação animal, também ressalta que, por instinto, cães e gatos são potencialmente carnívoros. Ela explica que os animais de hoje, alimentados apenas com ração, possuem sobrevida maior do que antigamente, quando bichos de estimação se alimentavam com restos de comida. "Não dá para dizer que ração vegetariana faz mal e ainda é difícil saber se podem provocar problemas no futuro, já que para os animais a melhor proteína é a de origem animal", diz. "O organismo do animal aproveita melhor a proteína de uma ração feita com frangos do que com soja, por exemplo. Há o receio de que o alimento não seja tão bem aproveitado por eles, mas as vitaminas e minerais são similares." Fernanda explica que é importante observar se a ração possui vitamina B12, no caso de cães, e taurina, em alimento para gatos. Segundo Fernanda, se a ração tiver a quantidade de proteína adequada e for balanceada, o animal será bem alimentado.
G1.globo.com

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