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07/10/2007


Aposentado de 75 anos cuida de 72 cães no RS

Ele se considera um protetor dos animais e adota cachorros abandonados há 15 anos.Idoso depende da ajuda de voluntários para manter os animais.
Aos 75 anos, um professor de dança aposentado dedica seu tempo e energia para cuidar de 72 cães abandonados que abriga em sua casa, no bairro de Santa Tereza, em Porto Alegre. Ádio Nunes começou a adotar os bichos há 15 anos e já chegou a manter 108 cachorros.

"Cada um tem a sua missão. Cuidar dos cães é a minha e eu a aceito com amor. Sou muito feliz", afirma Nunes. O canil informal, chamado por ele de Sociedade Protetora Peralta, em referência ao comportamento dos animais, ocupa o quintal e a humilde casa de madeira onde o aposentado vive sozinho, isto é, na companhia de seus cães. Atualmente, Nunes só deixa seus cachorros duas vezes por semana, quando dá aulas de dança para um grupo da terceira idade. Os bichos circulam livremente pelo terreno e pela casa de Nunes, que também construiu abrigos cobertos e cercados para protegê-los. Apesar da quantidade de animais, ele mantém o local em boas condições de higiene e os cães bem alimentados, graças à ajuda de voluntários.

Ajuda de voluntários

O objetivo das pessoas que colaboram com Nunes é ajudar a regularizar a situação do canil no Centro de Controle de Zoonoses de Porto Alegre. Entre os amigos que auxiliam o aposentado está uma veterinária que castra os cães e dá as vacinas necessárias a preços simbólicos.

Cadela Esperança vivia com Nunes até ser adotada por voluntária (Foto: Marília Sobral/G1)
Outros voluntários auxiliam na limpeza e alimentação dos bichinhos, organizam a compra da ração e de remédios para os animais doentes, já que Nunes não conseguiria sustentar os bichos apenas com a aposentadoria de R$ 480. Ele não recebe ajuda de programas sociais do governo. Por dia são gastos 25 quilos de ração, 17 quilos de arroz, além de ossos e legumes que são triturados para servir de alimento aos animais. Nunes mantém as portas de seu canil abertas para visitas e também para quem deseja adotar um animal, só não pode aceitar mais cães justamente porque precisa se enquadrar nas exigências do CCZ. Entretanto, é impossível impedir o abandono de cães na porta de sua casa. "Há três meses, amarraram uma cadela prenha em meu portão. Nasceram oito filhotes e conseguimos doar os cinco que sobreviveram, mas ela não tem para onde ir e vai ficar aqui", diz. "Fico pensando no que fazer. Tenho dó de deixá-los no frio e na chuva, sem ter o que comer." Não é fácil sair com um cachorro do canil de Nunes. Ele faz uma entrevista rigorosa com o candidato a dono, que tem de assinar um termo de responsabilidade e prometer que vai dar carinho ao bicho. "Se acontece alguma coisa, podemos buscar o cão de volta", diz.

Recordações do primeiro cãozinho

O amor incondicional pelos animais começou na infância. Gatos e cachorros sempre fizeram parte da família de Nunes, que nasceu em Jaguarão (RS). Ele viveu nessa cidade até os cinco anos de idade e, depois, a família se mudou para a Capital gaúcha em busca de melhores condições de vida. Mas ele ainda se lembra do seu primeiro cãozinho. "Eu me recordo que estávamos no último vagão do trem. Assim que a locomotiva partiu, nosso cachorro começou a correr para tentar nos alcançar, até que o perdemos de vista", diz. "Isso não sai da minha memória e ainda fico emocionado quando me lembro. Sinto que foi nesse exato momento, há mais de sete décadas, que resolvi me tornar um protetor dos animais."
do G1.globo

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